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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Duas palavras sobre as últimas semanas

Depois do resumão “SOPA indigesta”, que dividi em três partes (Parte I, Parte II, Parte III) para explicar um pouco do assunto, algumas considerações acho que são relevantes desta história toda.

Em primeiro lugar, não acredito que seja o fim do compartilhamento de arquivos pela grande rede . A história já nos mostrou isso. Nos anos 90 um programa de compartilhamento de músicas, o Napster, virou a sensação da Internet. Em pouco tempo atingiu milhões de usuários, atraiu a atenção das grandes gravadoras que conseguiram, na justiça, derrubar o serviço. Poucos meses depois havia pelo menos seis novos serviços semelhantes, que já não se limitavam mais a compartilhar só música, como o Kazaa, o Ares, e aí veio o Emule e por aí vai. Música pela Internet se tornou realidade e agora temos aí o iTunes, o Sonora (Terra) etc. 

Agora a preocupação são os filmes, os seriados e o streaming. Mas eu pergunto: quanto deste enorme público que gosta do MMA de fato tinha Pay-per-view antes das TV’s abertas brasileiras começarem a transmitir? A maioria via pela Internet, assim como têm acontecido agora com o Futebol Americano, na qual a grupo Globo já está de olho. Quantos já não conheciam “Lost” antes da Globo passar como mini-série nas férias do Jô, e “indicaram” aos amigos que não conheciam para assistir? 

Segundo fato. O que o grupo Anonymous conseguiu fazer é realmente histórico. Derrubar sites com ataques do tipo DDoS não é a coisa mais surpreendente do mundo, apesar de que uma instituição que diz “caçar os hackers” como o FBI não deveria estar vulnerável a este tipo de ataque. A questão é que, geralmente, estes ataques são realizados com máquinas “zumbis”, ou seja, computadores que foram infectados com algum tipo de worm que garantem o controle por parte de um Cracker e usá-la para este tipo de ataque. Em 20 de janeiro, pelo menos 5.600 pessoas participaram de um DDoS “conscientemente”. 

Esta idéia de consciência coletiva, que parecia só existir em filmes, começa a ganhar muita força. É natural. Depois do fenômeno das redes sociais há uma tendência às pessoas se mobilizarem por ações de protesto, o que me faz acreditar que o movimento “Black March” (vide imagem abaixo) vai ser assunto logo logo.






História por história, acho que estamos vivenciando uma. Apesar de ainda pouco divulgada pela mídia nacional (menos que o caso da ‘Luiza’, por incrível que pareça) acredito que muito ainda irá se ouvir sobre o assunto. Acompanhemos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SOPA indigesta - 3.ª parte

Em 19 de janeiro o Departamento de Justiça dos EUA e o FBI fecharam o mais famoso site de compartilhamento de arquivos do mundo, o MegaUpload, como parte de uma ação contra a pirataria online. Teria sido uma dura resposta aos protestos realizados no dia anterior na Internet, chamado pelos próprios manifestantes de “blackout”. Teria...

“O” SOPA – Parte III: O retorno de ...?

 O que parecia ser uma demonstração da seriedade com a qual as autoridades americanas estavam encarando a questão do compartilhamento de arquivos de conteúdo protegido na Internet, já explicitando seu alinhamento com a lei SOPA, provou, na verdade, que uma guerra estava se desenhando.

Apenas algumas horas depois do anúncio do fechamento do MegaUpload, o conhecido grupo Hacktivista Anonymous resolveu mostrar que o lado “usuário” da Internet também tem força, e deu início a uma série de ataques de negação de serviço aos envolvidos diretamente no projeto SOPA. Mais do que o tempo que o grupo levou para derrubar os sites, o que de certa forma surpreende é os alvos que caíram sob ataque. O Anonymous derrubou nada mais nada menos que o site do Departamento de Justiça dos EUA, o site da RIAA (Associação das gravadoras dos EUA), da Universal Music, da Associação Cinematográfica Americana (MPAA), do Departamento de Direitos Autorais do governo americano e, principalmente, o site do FBI, que ficou fora do ar por várias horas na madrugada de quinta para sexta-feira.

Nos dias que se seguiram, as investidas do grupo continuaram. O Anonymous publicou na sexta-feira, dia 20, em diversas redes sociais dados pessoais do diretor do FBI, Robert Mueller, como endereços da família, telefones pessoais e emails. No dia 23, uma conta do grupo no Twitter foi usada pelo movimento para difundir uma lista com ligações que permitiam fazer o download das discografias dos artistas da Sony, bem como os filmes estreados pela mesma entre 2000 e 2011. No Brasil, o site da cantora Paula Fernandes, da Universal Music, gravadora que apóia a SOPA, ficou fora do ar por várias horas no sábado, 21, tendo substituída a página da cantora por uma de protesto contra o fechamento do MegaUpload (vide imagem abaixo). Sites do governo de Brasília também caíram.






Segundo os perfis que noticiaram a ação, que foi chamada de #OpPayback (algo como Operação “O troco”), este seria o maior ataque já feito alguma vez pelo Anonymous, com 5.635 participantes. Os hacktivistas teriam usado o “Loic”, um programa de código aberto utilizado para ataques de negação de serviço DDoS. Com os recentes ataques aos sites de bancos brasileiros, essa história parece ainda longe de ter um fim.

Esses são os fatos. Nestes três posts fiz um resumo estilo causa-ação-conseqüência. A partir do próximo post escreverei sobre o que realmente considero relevante em relação ao conteúdo do blog desta história toda. Até lá.